A Justiça tunisiana emitiu uma ordem internacional de captura do ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali, refugiado na Arábia Saudita, e sua mulher Leila Trabelsi, anunciou o ministro da Justiça Lazhar Karoui Chebbi.
O ex-presidente e sua mulher são acusados de "aquisição ilegal de bens mobiliários e imobiliários e transferência ilícita de divisas ao exterior", afirmou Chebbi em uma coletiva de imprensa.
O presidente Ben Ali fugiu em 14 de janeiro passado da Tunísia e se refugiu na Arábia Saudita. Sua mulher, Leila Trabelsi, odiada pela população, também abandonou a Tunísia em uma data e com um destino desconhecidos.
Momento histórico
A Tunísia começou a viver um forte turbulência social há cerca de quatro semanas, quando jovens e estudantes iniciaram protestos contra os altos índices de desemprego na ruas da capital Túnis. As manifestações logo tomaram vulto e assumiram uma conotação política, criticando a falta de liberdade política no país.
O governo se viu obrigado a agir. Em meio a pedidos de calma à população, o então presidente Ben Ali anunciou o fechamento de universidades e escolas, enquanto o Exército saía às ruas para frear as manifestações. Passaram a haver confrontos regulares, gerando um número ainda incerto de mortos, mas que já passa de 70, segundo dados do governo.
As medidas não foram suficientes, e Ben Ali se viu obrigado a deixar a Tunísia na última sexta-feira, 14 de janeiro, passando o controle do país para o Exército e o comando interino do governo para o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi. Com a fuga, encerra-se um longo período de governo, iniciado em 1987 e durante o qual Ben Ali se reelegeu diversas vezes.
Sem a presença do ex-ditator, a Tunísia começa a caminhar na direção de um novo cenário político. Na segunda-feira, 16 de janeiro, o comando interino tunisiano convocou a formação de um governo de união nacional para funcionar durante o período transitório até as próximas eleições, convocadas para dentro de seis meses. Presos políticos também receberam anistia, e todos os partidos políticos serão legalizados.