Damos continuidade nesse artigo de Evidências às explicações quanto à Surata de Abertura do Alcorão Sagrado, analisando cada um de seus sete versículos, o primeiro e o terceiro dos quais aqui não estão por terem sido analisados no artigo anterior.
1- Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
2- Louvado seja Deus, Senhor do Universo[1].
Após o início em nome de Deus, vem este nobre versículo para nos esclarecer que o ato que iniciamos em nome de Deus deve ser encerrado com o louvor a Ele. O significado de “Louvado seja Deus” é render graças a Ele, glorificado seja, com a intenção de engrandecê-Lo e honrá-Lo em todas as situações, mesmo nas adversidades. O Príncipe dos Crentes (A.S.)[2], em um dos seus sermões, disse: “Nós O louvamos pelas Suas mercês, como O louvamos pelas Suas provações.”
O louvor e a glorificação são atos irmãos. São o rendimento de graça pelas benesses e pelos favores. Quanto ao agradecimento, é feito pelas dádivas em particular. A louvação é feita apenas por intermédio da língua. Quanto ao agradecimento, é realizado pelo coração, língua e demais órgãos e membros do corpo humano. O Mensageiro de Deus (S.) disse: “A louvação é o ápice do agradecimento”, porque o agradecimento por intermédio da língua é dos mais belos e esclarecedores.
Quanto ao oposto da louvação é a reprovação, e o oposto do agradecimento é a ingratidão, o que demonstra incredulidade. No que diz respeito à louvação, ela só pode ser dirigida a Deus, glorificado seja, pois é Quem concede as dádivas e as graças no mundo.
A outra expressão digna de nota é “Senhor do Universo”. No que diz respeito ao termo “Senhor” (Rabb), ele é aplicado ao senhor, ao soberano e ao educador. O termo não é específico de Deus, pois é utilizado em outras expressões. Diz-se: “O senhor da casa.”
Quanto ao termo “‘alamin” (mundos), é o plural de “‘alam” (mundo). O termo “‘álam” é aplicado a um tipo em particular de existências. Diz-se: “mundo mineral, mundo vegetal, mundo animal, mundo humano.” O que se quer dizer com “‘alamin”, aqui, é tudo com exceção de Deus, glorificado seja. Portanto, abrange tudo que existe, ou seja, todo o Universo. A expressão significa, também, o Criador e o Organizador de tudo.
3. O Clemente, o Misericordioso.
4. Soberano do Dia do Juízo[3].
Este versículo chama a atenção a uma crença fundamental do Islã, considerada um dos seus pilares, que é a crença no Dia da Ressurreição. Com ele, completa-se o eixo do princípio e do fim, que interpreta a base de toda reforma moral e social da existência humana.
O termo “soberano” é pronunciado como “máliki”, tendo o mesmo sentido quando dizemos “fulano é máliki (proprietário) deste pomar”. E lê-se também “maliki” (sem acentuação), como na frase: “maliki al-yunan”, ou seja, “rei dos gregos”, no sentido de governo e autoridade. A primeira leitura, porém, é mais usada. Quanto à primeira leitura (Málik) o termo é atributo, e quanto à segunda leitura, (malik) é título.
No que tange ao termo “din”, este possui muitos significados, entre os quais “recompensa” e “castigo”. Por exemplo: “Como te conduzes, serás julgado”. Este significado coaduna com a posição específica do julgamento divino dentro da Religião Islâmica, segundo a qual cada alma terá, no Dia do Juízo Final, a recompensa ou o castigo merecido e será julgada de acordo com o que tiver realizado na terra, não sendo possível um ser humano pagar pelo pecado cometido por outro.
5. Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda[4].
Neste versículo, o sentido da Surat muda, pois começa a prece e a súplica do servo para o seu Senhor. Os versículos anteriores falam sobre a unicidade de Deus e de Seus atributos. Esses versículos expressam a intenção do servo de dedicar seus rituais e seus atos somente a Deus.
Nesse trecho, a ênfase é dada sobre a dedicação e a adoração somente a Deus. Por isso, o objeto direto é antecipado (“iyaka”, isto é, “somente a Ti”) sobre o verbo (isto é, “na’budu”, ou “adoramos”) e o sujeito oculto, representado na expressã